Domingo de manhã, pai e filho estão fazendo um passeio pelo bairro quando o menino avista um muro pichado:
ENTREGUE SEU CORAÇÃO PRA JESUS E SEU PULMÃO PRA SOUZA CRUZ
Intrigado, o garoto pergunta:
— Ô pai, quem é o Souza Cruz?
— É o da empresa de cigarro.
— Mas por que se eu entregar o coração pra Jesus eu tenho que entregar o pulmão pra esse tal de Souza Cruz?
— Não, não. Isso é uma frase sarcástica. O sentido é figurado. É uma ironia... É... Quer dizer, na verdade, é uma brincadeira sem graça de algum baderneiro que não respeita nem a propriedade dos outros nem coisas mais sérias ainda.
— Ah, acho que entendi... Se Jesus é dono do coração e Souza Cruz do pulmão, é uma ironia de baderneiro ficar brincando com essas coisas sérias, né pai?
— Nada disso, tudo errado. Nem parece que você é um menino inteligente! Agora, chega de papo furado e aperte esse passo que você está andando muito devagar.
MORAL DA HISTÓRIA: Se for explicar algo para uma criança, cuidado com as figuras de linguagem. Ela poderá empregá-las bem melhor que você.
domingo, 27 de janeiro de 2008
sábado, 26 de janeiro de 2008
Vida de cão também pode ser boa
Apoiado numa série de observações nos últimos meses, posso afirmar que o comportamento dos cachorros de rua é um grande revelador do espírito e do modo de vida de uma cidade. Não estou de brincadeira! As considerações a seguir se baseiam num profundo interesse despertado em mim por esse setor da sociedade, após um incidente no município de Icém, a 60 km de São José do Rio Preto, na divisa com Minas Gerais.
Ia pela primeira vez de carro à cidadezinha, onde leciono alguns dias da semana, e estava meio atrasado. Ao tomar uma das ruas principais num ponto em que passa em frente à praça da Igreja matriz, eis que vejo atravessar o caminho um baita cachorro, jogando uma pata na frente da outra num movimento que me pareceu uma técnica de andar poupando-se de qualquer esforço mais desgastante. O cachorrão continuou sua travessia, com seu olhar voltado para um ponto distante que não consegui identificar e, então, fui obrigado a reduzir até parar na cola do animal. O infeliz não se deu conta do perigo, nem mesmo percebeu sua inconveniência, porque ainda parou para coçar umas pulgas. Dei com a mão na buzina e o cão a ignorou. Quem percebi ter se importado com o barulho, na verdade, foi um grupo de cidadãos que estavam na porta da padaria ao lado. Me lançaram um olhar que dizia “quem é esse aí atrapalhando o sossego logo cedo?” Embaraçado, esperei o cachorro concluir seu caminho para depois continuar o meu.
Bem, esse foi apenas o primeiro incidente. Algumas semanas depois, fui à padaria numa aula-janela para comprar uns pães de queijo. Quem encontro novamente, dessa vez na calçada? O lazarento do cachorro, acompanhado de um amigo canino. Os dois estavam estendidos na calçada, tomando o sol da manhã, de tal modo que impediam a passagem. Nem pensei em reivindicar o meu direito de passar por ali. Dei a volta pela guia, para retornar à calçada mais a frente. A partir desse dia, comecei a dar relevância aos cachorros que habitam a área central de Icém.
Em primeiro lugar, notei que eles têm um status diferenciado. Recebem mimos dos tiozinhos sentados à porta dos botecos, cumprem uma rotina de visitação a estabelecimentos comerciais, vão e vêm sem ameaça de agressão, recebem ração num lugar fixo, enfim, eles conquistaram grau invejável de cidadania. Tendo em vista a rotina tranqüila e o alimento garantido, todos eles estão em bom peso e alguns chegam a estar obesos. Até assusta o tamanho de alguns!
Atentando-se a Rio Preto, uma cidade de porte médio, vemos que quando se encontra um cão de rua no centro, o que é meio difícil, o indivíduo é sempre esguio, geralmente mirrado, está sempre olhando de um lado a outro, tem um comportamento arisco, esquivo, porque sabe que a qualquer momento pode ter uma surpresa desagradável. Cachorro de rua, pra ser bicho solto em cidade grande, tem que ser malandro, fazer a correria pra ganhar o de cada dia. Muitas vezes fechar uma parceria de proteção e carinho com um morador de rua é essencial. E se vacilar, já era. Se esses cães soubessem a vida boa que seus companheiros têm em Icém...
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Aviso
Em muitas linhas deste blog, ficção e fatos se confundem. Se nem mesmo eu consigo às vezes separá-los, não aconselho ao meu caro e raro leitor o esforço dessa tarefa.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
Testando o meio...
Esta é minha primeira incursão neste espaço que talvez seja o mais democrático para compartilhar impressões, idéias, textos engavetados, etc. Sem pretensão alguma, mesmo porque não sei até quando terei paciência ou disciplina para manter o blog atualizado, pretendo postar aqui textos que até então não tinham outro leitor que não fosse eu mesmo, ou um ou outro amigo. Então, aos amigos que se dispuserem a gastar um pouco do seu tempo com minhas banalidades, sejam bem-vindos!
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