sábado, 16 de fevereiro de 2008

Medo

Medo. O medo
me divide me mascara me
pressiona à persona
E vêm várias no único páreo
a concorrer na mesma raia a
que prêmio? a corrida:
ela acabada, e O medo
ando em casa de espelhos
velhos novos eu que são
eles e eu, José no Egito
de um mesmo pai: O Medo.
bastardo, tu vasas os olhos
porque há que se crescer ler fazer
há que se comer vestir sorrir ir ir
há que se levar trazer trepar com muitas
muitos são os há que... E o medo. O
E só o pronto plâncton recobrindo
O mar fundo profundo improvável
mas todos alga — superfície — parasitas
da luz que gerou Lúcifer
porém o mar e o medo
a luz cambiante ante o antes e o depois
movendo Ismos, graals de gelo
na mesa em chamas do tempo, minha cadeira
a durar um facho azul-amarelo da luz:
uz
E não adianta (nem atrasa)
a lira a gira o tédio, viver num prédio
casto justo santo, viver no campo
sujo ogro imundo, viver no mundo
nem mesmo chamar-se Raimundo
se o fundo-profundo prova
de que resta em infinita sobra
Medo. O medo

maio de 2002

Nenhum comentário: