quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Exposição Manoel de Barros

No começo de 2014 foi exposto um belo trabalho no Sesc-Rio Preto em homenagem à poética do saudoso Manoel de Barros, que nos deixou em 13 de novembro. Publico tardiamente alguns registros que tive a oportunidade de fazer.












Para fechar, um dos meus poemas preferidos. Por questões de direitos autorais, reproduzi apenas um trecho do texto:


O apanhador de desperdícios

Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.

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