quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Gravitação

                                                           Escher, Relatividade, 1953





pelas paredes

deste escritório de inutilidades

escalam palavras,

sussurros tresloucados.

e, então, do teto

precipitam-se

suadas

em desespero,

que é vontade de ver.



sem o que dizer, na queda dizem:

quem nos salvará do suicídio?



antes que caiam num baque surdo ao chão, porém,

tentação de servir a quem as salvou,

uma pena, talvez ponta de areia,

vidro ou espelho,

mantém-nas suspensas,

constrói limbo de linotipos,

deixando-as livres, à revelia.



enquanto isso,

traças digerem

tranquilamente

as páginas de um velho livro.

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